Me
chamo Anderson, Kath me chama de Dinho. Tenho 30 anos e há quase 12 anos
estamos juntos. A Conheci quando ela tinha 15 anos, alegre e sempre me pondo
pra frente, apesar da pouca idade sempre me incentivou a estudar e ir em busca
dos meus objetivos, isto sempre me encantou nela.
No
início do nosso relacionamento, comíamos de tudo, fast food, enlatados,
chocolates e etc., éramos muito sedentários e sem pensar na nossa saúde no
futuro e muito menos com o peso (Kath era bem gordinha). A única informação que
eu tinha sobre diabetes era que minha tia havia morrido disso por que não se
cuidou, comia de tudo que via pela frente.
Começamos
a nos preparar para casar, Kath fez todos os exames pré-nupciais, tudo OK,
glicemia e afins. Nos casamos. Em uma viagem (não lembro quando), comecei a me
irritar com ela, a cada bar que ela via podia ser buteco, ela parava para fazer
xixi e beber água, passamos 7 dias assim.
Um tempo depois de casados, notei a Kath abatida, mais calada, mais deitada, bebendo
muita água, ela estranhou e como tinha consulta no ginecologista disse o que
estava acontecendo, ele pediu inúmeros exames, e quando o resultado chegou que
ela abriu e viu, correu para internet para ver o que significava o resultado da
glicemia, quando ela viu surtou:
-Caramba!
Acho que estou com diabetes! Isso não é doença de velho?
Marcamos
endócrino e fui com ela na primeira consulta. Soubemos o que era o diabetes e
etc. Aquilo pra mim parecia que não estava acontecendo, ver minha esposa de 20
anos ser furada para tomar “injeção” e ser furada para fazer os dextros sempre
foi uma visão dolorosa, embora cotidiana.
Ela
mudou de endócrino, achou uma médica ótima, foi ai que eu entendi melhor a
doença, aprendi a aplicar insulina e entender os por quês. Poderia ser mais
interessado, mais preferi entender a parte prática da coisa “O Como posso
ajudar”, muita teoria nunca foi meu forte, ela sim quis conhecer o B á BA da
coisa, foi fazer cursos, ler e etc.
O
antes do diagnóstico significava uma vida sem limites, o depois passou a ser
preservar a vida da Kath, por que quero que ela tenha o máximo de saúde possível.
Quando
soube que ela estava diabética nem sei o que senti, mais lembrei da minha tia
que havia morrido por não ter se cuidado, isto me dava medo. As pessoas
começaram a falar muitas coisas a respeito que também me deixou apreensivo.
Falando
de exames, a cada trimestre começa a saga da glicada aqui em casa, quando ela me
diz só quero saber se está bom ou não, sei o que significa este exame, mais vou
ser sincero... Na dia a dia, ajudo na construção dos resultados e quero mesmo é
saber a resposta. Quando ta alta
confesso, falo um monte pra ela, por mais que ela me explique e etc., preciso
desenvolver a compreensão nos resultados da glicada.
Quando
sei que ela está com hipers fico nervoso, falo um monte pra ela.
-Pô!
Você não mediu? Não contou CHO direito? Comeu besteira? Não vou te falar mais
nada hem! Quer morrer? Sabe que precisa controlar isso...
Minha
primeira reação sempre é de chocá-la, ela diz que ás vezes a culpa não é dela,
mais para mim é difícil entender uma pessoa que tem uma doença e não consegue
dar a resposta para o descontrole da mesma.
Ela
com hipo? Sinceramente, tento me controlar, mais ás vezes dá raiva, como disse
não entendo por mais que queira este descontrole repentino. Ás vezes ela tá boa
pra fazer umas coisas e pra outras não... Ao mesmo tempo sei os riscos e me
sinto culpado por agir e pensar assim. Sei que ela não faria por mal. Mais
queria que esta situação tivesse um controle que não sei qual.
Decisão
de um filho? Não pensei tanto no diabetes, quando a endócrino deu o aval
então... Ai que relaxei, sabia que ela daria conta, por outro lado sabia que
isso exigiria muito de mim. Acho que o que pesou mais foi o primeiro aborto
dela, tinha muito medo de que perdêssemos mais um filho, sofremos muito com a
perda do primeiro.
Hipo
e hipers na gestação? Isto me dá muito medo, medo mesmo. Daí eu reajo com
grosseria com ela, cobro muito, mesmo sabendo que não deveria. Isso não é tão
intensivo como parece, mais não dá para maquiar uma situação que ocorre em
nosso dia a dia. Participo das consultas, quando não posso ir quero saber dos
pormenores, passei a entender a teoria das coisas depois que ela engravidou,
tanto que agora sei falar muito bem para pessoas, não tudo, mais algumas
coisas.
A tabela da
nutricionista não sai da minha cabeça: Se entre 50 e 70mg/dL = HIPOGLICEMIA.
Corrijo com 15g de carboidrato, uma colher de açúcar. Se <50mg/dL, corrijo
com 30g de carboidrato, ou seja, duas colheres de açúcar. Sei que há outras
coisas que posso dar á ela mais na agonia recorro sempre ao açúcar.
Aguardo 15min e meço
novamente a glicemia.
Quando
ela está muito mal mesmo, coloco açúcar nas bochechas (por dentro) e massageio
até ela se sentir melhor.
Kath,
trabalha,estuda, passeia, cuida da Vitoria, pode comer de tudo, claro que
aplicando insulina, fazendo dextros e etc. Isso já faz parte.
Exercícios
físicos nunca foram o forte dela, caminhada sim, então desta forma ela consegue
se controlar melhor compreendo e não cobro.
Enfim,
sou casado com uma diabética, que me faz muito feliz, discutimos nos
desentendemos como todo o casal, mais me orgulho da esposa que tenho. Sem
hipocrisia.
O
diabetes não limitou nossa vida sexual, nossas decisões ou atividades, só
agimos com mais disciplina agora... Bom, pelo mesmo ela, eu já não posso dizer
o mesmo.
Quando
o Davi chegar faço outro post, para falar da nossa nova vida, Vitoria Davi,
casa, Eu, Kath e o diabetes.
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Vitoria, Eu e Kath |