Olá, me chamo Renata Coelho,
tenho 28 anos, diabetes tipo 1 há oito. Sou fotógrafa especializada em
fotografia de família e eventos e tenho uma filha de 3 anos e 5 meses.
Tomo insulina NPH e Regular que
pego através de mandado judicial mensalmente na secretaria de saúde da minha
cidade (Guarulhos/SP). Faço contagem de carboidrato há mais ou menos cinco anos
e é a única forma que consigo controlar a minha glicemia. Depois da contagem
sou outra pessoa, mais livre para comer e mais controlada. Inclusive durante a
gestação eu me mantive bem controlada graças à contagem de carboidrato.
Minha gravidez foi muito esperada
e planejada. Eu procurei fazer um controle mais rigoroso seis meses antes de
decidir tentar ter um filho. Fazia acompanhamento com endócrino e nutricionista
e engravidei com hemoglobina 6,0 e glicemias normais, sem muitas hipos e nem
hipers. Porém no início da gravidez eu senti bastante dificuldade em controlar
a glicemia, ela subia bastante e quando eu corrigia com a insulina regular,
horas depois tinha hipos severas, de 30, 28. Nunca cheguei a desmaiar, mas
precisei de injeção de glicose algumas vezes pra fazer subir, água com açúcar
não resolvia rápido.
Meu pré-natal foi feito pelo meu
convênio na época, aqui em Guarulhos mesmo, acompanhava com endócrino,
nutricionista e obstetra, eles se conversavam pra manter um tratamento em
comum. Foi tudo muito tranqüilo, não precisei de internação, não tive nenhuma
complicação. Ao final do pré-natal, já no nono mês a médica decidiu antecipar o
parto por achar que a Sarah poderia crescer demais se esperássemos até 40, 42
semanas e me orientou cesárea com 38, diante das condições que ela me
apresentou na época eu aceitei por medo de prejudicar minha filha, hoje, faria
diferente.
A glicose ficou bem controlada
depois do segundo trimestre, as hipos ficaram bem raras e muito poucas vezes eu
tive hipers que passassem de 200. Tive um ótimo controle, a hemoglobina ficou
sempre abaixo de 7,0. Os médicos ficavam bem surpresos com os meus resultados.
Ela nasceu bem gorda sim, com
4.160 e 48cm. Escolhemos para ela o nome Sarah, porque é bíblico e eu sempre
achei bem bonito. Foi amamentada até mais ou menos 4 meses, depois desmamou por
conta própria e meu leite secou aos poucos.
Durante a gravidez minha filha
foi sempre tida como saudável. Porém quando ela nasceu teve hipoglicemia
neonatal e precisou ser internada na UTI, como acontece com muitos filhos de
mães diabéticas. Após o controle da glicemia dela, apareceu uma icterícia
grave, que a fez ficar mais oito dias na UTI. Provavelmente (ninguém tem muita
certeza disso), essa icterícia levou a uma lesão cerebral que a fez desenvolver
uma síndrome rara chamada Síndrome de West. Essa síndrome na minha filha foi
descoberta quando ela tinha seis meses de nascida e começou a ter espasmos
(convulsões). A síndrome de west causa epilepsia e atraso no desenvolvimento
global da criança. A Sarah passou a tomar remédios fortíssimos e teve algumas
internações durante o período inicial da doença, porém hoje está estabilizada e
se desenvolvendo bem. Tem atrasos consideráveis, como não andar ainda com quase
quatro anos, não falar muita coisa, tem a compreensão das coisas prejudicada,
mas é uma criança doce, carinhosa e esperta do jeitinho dela, freqüenta a
escola normal com crianças normais e é a alegria do nosso lar.
Estou contando sobre a
deficiência dela, não para assustar as mães diabéticas que estão grávidas ou
pensam em engravidar, estou contando para reafirmar que depois da investigação
médica, ficou comprovado que o fato de eu ser diabética não acarretou essa
doença nela, que foi algo que a gente não pode dizer o que foi, nem quando foi
e nem porque foi, portanto eu sei, no fundo do meu coração que ser diabética
não foi fator determinante para que ela fosse especial hoje.
Também gostaria de dizer, que
mesmo sendo mãe especial eu me sinto muito realizada com a minha filha. Ela me
ensina muito todos os dias, a ser mais tolerante, a ser mais generosa com as
pessoas, a ter mais paciência, a não ser imediatista, a ser mais sensível. Ter
um filho especial não é tarefa fácil, mas é uma tarefa incrivelmente
gratificante. A cada conquista dela eu me realizo mais e mais e tenho toda
certeza que ela é perfeita para nós, eu não queria de forma alguma uma filha
diferente, se pudesse escolher agora, escolheria a Sarah novamente, assim, do
jeitinho que ela é, com as dificuldades e desafios da doença dela, sem tirar e
nem por um fiozinho de cabelo. Deus me confiou um anjinho da asa quebrada, para
que eu cuidasse com carinho e zelo e é o que eu procuro fazer todos os dias,
com amor, paciência e compreensão, a vida nos dá um desafio e a gente precisa
ir lá e mostrar que somos capazes de vencê-lo.
A mensagem que eu deixo para quem
é diabética e deseja ser mãe é: controle a doença antes de engravidar, estude,
pesquise sobre o assunto antes de decidir tentar, tenha uma equipe
especializada em gestantes diabéticas te acompanhando e depois que estiver com
seu presentinho na barriga, curta, pois é um momento mágico. Ser diabética,
hoje, não nos impede de realizar o sonho da maternidade, apenas precisamos ser
atentas e cuidadosas com a nossa saúde enquanto gestamos, de resto, tudo sempre
dá certo.
Oi linda amei sua história inclusive me emocionei muito porque senti mesmo o que descreveu tenho gêmeas e uma delas a Alice teve um AVC antes de nascer nunca saberemos porque e nem ligamos mais para isso. Ela também teve a síndrome de West aos 7 meses e vencemos ela tem 2 anos e 10 meses com muita luta ela andou com 2 anos e 7 meses estamos muito felizes com o desenvolvimento das duas. E somos muito realizados. Parabéns por seu amor e dedicação!!!
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