Sou Elisângela tenho 35 anos e há 28 anos sou DM1.
queFiquei pensando em como fazer este depoimento para o blog da Kath. Mas sei como é
importante contar um pouco de nossa experiência relacionando diabetes e
gestação. Quando decidi engravidar comecei procurar na internet informações
acerca de diabetes tipo I e gestação e fiquei admirada por não encontrar muita
coisa. Achei mais sobre diabetes gestacional.
Procurei
um endocrinologista e um ginecologista e obstetra. O endócrino disse que eu
deveria ter engravidado quando era mais jovem e o obstetra disse que não fazia
pré-natal de mulher diabética. Fiquei chocada e frustrada, assustada também.
Procurei outro obstetra que disse pra eu ficar calma, que eu não era um
extraterrestre e que ele faria meu pré-natal caso engravidasse. Em novembro de
2012 eu fiz o teste de gravidez e deu positivo. Mas tive um sangramento
constante tipo borra de café, mesmo seguindo recomendações de repouso, sofri um
aborto espontâneo no início de dezembro de 2012 com sete semanas de gravidez.
Foi horrível! Senti uma impotência terrível, senti culpa, medo, dor. Vivi meu
luto, mesmo o médico dizendo que aquela era uma seleção natural, e não pelo
diabetes. Ele pediu um prazo de três meses pra iniciar as
novas tentativas e foi isso que eu fiz, mas de uma forma diferente. Apesar da
tristeza e dor pela perda nunca me revoltei contra Deus. Eu me apeguei no pensamento
de que Deus deu seu Filho Único para que fosse sacrificado, sem merecer, por
nós. Por que Ele me pouparia de sofrer, sendo humana, falha? Ele me fortaleceu
e sustentou!
Fiquei
três meses tomando anticoncepcional e em março de 2013 eu parei. Mudei de
endócrino e continuei com o obstetra. Em maio descobri meu “positivo”. Já
estava tomando ácido fólico bem antes de engravidar, as vacinas já estavam
atualizadas. Eu estava tomando Insulina NPH e Regular. Durante os primeiros
meses tive alguns picos de hipoglicemia e hiperglicemia. Optei por não comentar
a gravidez com praticamente ninguém. Fiz um propósito com Deus e desde que
descobri que estava grávida, ungia minha cabeça, coração e barriga com azeite
consagrado na igreja. Sempre determinei
que poderia ter menino ou menina, mas que nascesse com muita saúde. Mas no
fundo de meu coração que Deus me desse uma menina, pra poder vestir com roupas
de lacinhos, babados, e poder brincar de bonecas. Isso se confirmou na minha
ultrassonografia morfológica com 18 semanas. Quando Dra Juliana disse que era
uma menina perguntei: “É o quê????” Ela disse: “Menina”. Nossa, quanta
alegria!!!
Mas as
glicemias não estavam ajudando. Tinha hiperglicemias e as vezes hipos severas.
O endócrino sugeriu a mudança para Lantus ou Levemir e Novorapid ou Apidra. Eu
mudei, e passei a monitorar frequentemente, diversas vezes por dia e noite.
Passei também a fazer a contagem de carboidratos. Com isso a glicada foi
reduzindo e o controle melhorou consideravelmente. Nas consultas com o obstetra
tive algumas alterações na pressão arterial e ele achou melhor eu fazer uso de
metildopa pra evitar problemas futuros. O estado emocional e stress contribuíam
para aumento da glicose e pressão. Não tive ganho de peso excessivo, apesar de
já ter engravidado com sobrepeso (não
recomendo). Então no meu trabalho, só anunciei a gravidez com seis meses e logo
depois pedi o afastamento.
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Gravidez |
Não tive em momento nenhum, infecção de urina (tomava muito líquido, água, sucos de frutas, leite e parei com refrigerantes e evitava café). Mudei o adoçante para à base de sucralose. Comia frutas, verduras, muita fibra que regulou o intestino. Também não tive anemia. E o que não estava muito legal, foi entrando nos eixos, como hemoglobina glicosilada, frutosamina, pressão arterial entre outros.
Até a 33ª semana estava tudo perfeito, peso e tamanho do bebê, líquido amniótico, tudo em harmonia. A partir daí, tive polidramnia (volume de líquido amniótico aumentado). O bebê com 36 semanas, era compatível com um bebê de 38 semanas. Fiz várias ultras, semanalmente e cardiotoco, para ver se havia sofrimento fetal. Mas tudo estava caminhando bem. Estava com a barriga enorme e pés inchados. Resolvi deitar com as pernas sobre almofadas para ajudar a desinchá-las. Percebi um líquido saindo. Fui ao banheiro e percebi um pouco de sangue. Tentei manter a calma e chamei minha Mãe e pedi que ela chamasse meu esposo. A bolsa da nenê já estava preparada e a minha quase...rs. Fui para o hospital, achando que de repente ainda pudesse voltar pra casa com meu barrigão... Quando chagamos ao hospital, cerca de 30km de casa, o vazamento aumentou, fui ao banheiro e saiu muita água. Minha bolsa rompeu...Meu obstetra, justo nesta semana estava viajando e eu nem sabia por quem seria atendida. Quando fui chamada no plantão obstétrico, reconheci a médica. Ele havia feito 99% das minhas ultrassonografias e já conhecia minha história. Tive um certo alívio. Meu marido e minha Mãe estavam me acalmando também. Após ser examinada, ela disse: fique deitadinha aí que eu vou reunir a equipe pra te levar pro centro cirúrgico. Tentei manter a calma. Já no Centro Cirúrgico, aguardando a pediatra, comecei a me preocupar com a possibilidade de ter uma hipoglicemia. Com isso a pressão também se alterou, mas tudo foi controlado e minha Vitória chegou de parto cesárea, já que não tive dilatação (queria muito parto normal). Minha Ana Vitória, amada, desejada, após muito esforço para obter um bom controle nasceu! Nasceu com 36 semanas e meia.
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Ana Vitória |
Sofri ao
ver minha pequena tendo seus pezinhos furados para monitorar a glicemia. Ela
também teve policitemia, que é aumento de glóbulos vermelhos no sangue e surgiu
uma bactéria, que precisou ser combatida com antibióticos. Fiquei mais 9 dias
com ela na UTI Pediátrica. Período difícil e sofrido, mas passou. Graças à Deus
estamos em casa, ela completará dois meses dia 24 de março. Nossa Princesa já
foi apresentada ao Altar do Senhor e agradecemos a Ele por esse Presente
Precioso!
estou amamentando, exclusivamente. Minha filha está tendo um desenvolvimento perfeito em estatura e peso. Tenho ficado muito atenta às glicemias, monitorando sempre para evitar as hipos. Amamentação e DM é possível com os devidos cuidados. É um momento meu e dela, enquanto ela supre suas necessidades, eu a vejo se desenvolvendo e olhando pra mim com aqueles olhos lindos e me enchendo de alegria e prazer.
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Eu, Ana Vitória e meu esposo |
O Blog
Diabetes e Você me ajudou muito e vi a necessidade de mais pessoas contando
suas experiências.
Decidi
escrever o depoimento para confirmar que uma mulher diabética, fazendo um bom
controle e tendo uma boa equipe acompanhando, pode sim realizar o sonho de ser
Mãe! E dividir a experiência com erros e acertos pode ajudar outras pessoas!
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Nós e minha mãe, um dos alicerces da minah vida. |
Eu sempre me emociono com esses relatos, Elisângela. Parabéns pela conquista. Que Deus continue abençoando vcs. Tbm sou grata à Kath que vive postando as suas experiências com diabetes, gestação, maternidade, amamentação... que bom. Eu tb engravidei com 35 anos e 17 de diabetes. Minha Mayala fará 4 meses em 18-03.
ResponderExcluirGilsiane, o importante é a gente saber que tudo é possível quando cremos em Deus e fazemos nossa parte. Falar sobre a experiência de cada um incentiva, esclarece, fortalece, de algum modo ajuda outras pessoas. Que Deus abençoe você e sua Princesa Mayala!
ExcluirSou diabética há 25 anos, e o grande sonho da minha vida sempre foi ser mãe, já ouvi absurdos de médicos assim como a Elisângela, mas como sirvo a um Deus fiel tenho fé de que o melhor será feito e que algum dia serei chamada de mãe. Obrigada por compartilhar sua história.
ResponderExcluirAninha, sou prova viva de que tudo é possível ao que crê. Antes de engravidar, eu já determinava que Deus estava no controle de tudo. Quando engravidei, passei a consagrar e ungir minha barriga, coração e cabeça com azeite consagrado à Deus. Tive lutas, dificuldades, mas fui honrada por Deus. Creia em Deus e faça sua parte, em breve o depoimento de sucesso será o teu! Um abraço!
ExcluirTe conheci menina... e agora te vejo mãe! Amiga, parabéns pela vitória e pela Ana Vitória!
ResponderExcluirOi Lucinha!! Pois é, a gente nem imagina o que a vida nos reserva, "né"? Mas graças a Deus, minha Vitória chegou!!! Saudades, amiga!
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