Acredito
que vale salientar que filhos de mães diabéticas podem apresentar hipoglicemia
ao nascer, é extremamente normal isso ocorrer já que as hiperglicemias da mãe
durante a gestação estimulam o pâncreas do bebê a produzir quantidades
significativas de insulina para que o mesmo trabalhe com a glicose recebida em
excesso por meio do cordão umbilical. No nascimento quando o cordão umbilical é
cortado o estoque de glicose cai rapidamente e há insulina em excesso na
corrente sanguínea do bebê o que pode ocasionar uma hipoglicemia neonatal. Após
o nascimento a equipe médica envolvida, faz o dextro no bebê, não nos dedos
como nas crianças e adultos, mais sim no calcanhar do recém – nascido ou
através de um cateter umbilical (um tubo colocado no cordão umbilical do bebê).
O
pediatra do Davi me disse que o ideal seria fazer um dextro na mãe durante o
procedimento cirúrgico, pois devido à anestesia, emocional da mãe e situação, a
glicemia tende a aumentar (é muito estresse para pouco tempo) o que pode elevar
a glicemia na mãe, fazendo que o feto produza uma quantidade excessiva de
insulina e nasça com hipoglicemia.
Nas
primeiras horas de vida provavelmente o bebê irá para a UTI Neonatal (caso
tenha hipoglicemia ou outra intercorrência) para ser melhor assistido, sei que
toda mãe quer seu filho ao lado (senti isso na pele), mas acho que neste
momento vale à pena pensar no bem-estar do seu bebê. Quando fui ganhar meu bebê
queríamos tê-lo em nossos braços, porém sabíamos que isso poderia nos acontecer
o que nos preparou para a situação, como dito acima mãe orientada é mais fácil
para entender o que está havendo.
O bebê será monitorado na Unidade de Terapia Intensiva
conforme sua necessidade. Pode ocorrer do hospital oferecer fórmula ao lactente
para ajudar a subir a glicemia, este é um assunto discutível já que há mães que
pretendem não oferecer aos seus filhos fórmulas apenas o aleitamento materno.
Acho que vale a pena analisar a situação e ver o que é melhor para o
recém-nascido naquele momento. Amamentação é um momento prazeroso na vida de
mãe e filho acho que não vale iniciar este momento de forma tão incisiva,
algumas coisas devem ser levadas em consideração.
Lembro de o meu bebê ter nascido com 45mg/dl de
glicemia, para peso e faixa etária dele os médicos não consideraram uma
hipoglicemia grave, ficaram apenas monitorando-o. Em casa medi sua glicemia e
estava 58mg/dl, me desesperei, corri para o pronto-socorro, eu sabia quais eram
os sintomas de uma hipo e não queria que meu filho os sentisse, quando fui
informada que 58mg/dl não é hipoglicemia para um bebê, pois as necessidades nutricionais
e tamanhos dele são diferentes da do adulto, me tranqüilizei, aquele valor era
normal para um recém-nascido. O pediatra do pronto-socorro nos falou que os
valores hipoglicemia em um recém-nascido são:
Leve de 40mg/dl a 50mg/dl
Moderada de 20mg/dl a 40mg/dl
Grave abaixo de 20mg/dl.
Em diálogo com o pediatra do Davi, este falou que estas taxas
são teoria, podem até valer para um bebê de mãe sem diabetes, pois para nenê de
mãe DM na prática a ação é diferente.
Filhos de mães diabéticas que estão com a glicemia abaixo de
60 mg/dl, logo são levados para serem amamentados ou recebem fórmula para subir
a logo a glicemia, pois correm o risco de terem hipoglicemia por fabricarem
insulina em excesso e precisam de um tempo para se adaptarem a nova realidade
(fora da barriga). Bebês de mães sem diabetes com esta mesma taxa glicêmica
raramente correm este risco.
A opção do parto deve ser uma escolha em conjunto com seu
médico, levando em consideração sua opção e riscos para você e para o nenê.
Mulheres diabéticas podem ter parto normal, tem ótima cicatrização na cirurgia
e podem amamentar.
A amamentação é outro momento que nos exige atenção, boa
vontade e cuidados. A glicemia oscila muito, tende a cair já que no momento de
amamentar nosso consumo de energia é maior, minha endócrino disse que é como se
estivéssemos fazendo exercícios físicos, as doses de insulina devem ser
ajustadas, tenho amigas que passaram alguns dias sem aplicar insulina.
Lembro de ter tido uma
hipo pela madrugada, ela foi extremamente severa, delirei, passei mal e meu
marido nos socorreu, depois daquilo fiquei dias traumatizada, me questionando:
-E se eu tivesse sozinha?
O que seria de mim e do bebê?
Por conhecer meu corpo e
ser comprometida com meu tratamento fui fazendo alguns testes até achar “uma
harmonia”. Nos primeiros meses a dosagem da insulina basal era menor e não precisava
contar carboidratos para refeição.
Depois tivemos que
aumentar a basal e achar uma dosagem adequada para a insulina ultrarápida na contagem
de CHO. Se nunca tive estabilidade nas minhas dosagens, na gestação e
amamentação tive menos ainda, mas eu tinha um foco, queria amamentar e não desisti
me envolvi com o tratamento e a planilha do dextro me ajudou a ver onde
precisávamos mudar as dosagens de insulina.
Davi tem quase 11 meses e
até hoje amamento, não começo amamentar com a glicemia inferior há 150mg/dl, se
tiver abaixo disso procuro me alimentar, por que senão terei hipo na certa.
Dá para amamentar e deixar
tudo nas mãos do endócrino pra que ele resolva, mas cada dia é único e eu
resolvi participar ativamente deste processo.
Sempre sou questionada se
mulher diabética pode amamentar.
Claro que pode!
Não transmitimos diabetes
e nosso leite não é docinho srsrs. Nosso corpo funciona como o de uma mulher
não diabética, claro que temos algumas particularidades, nada que nos façam
menos mulheres.
No Brasil o aleitamento
materno exclusivo é apoiado até os 6 meses e com a introdução de outros alimentos
até os 2 anos. Cabe a mãe decidir qual método usar, confesso que nunca
amamentei exclusivamente, porém nunca deixei de amamentar.
Não tem pra onde correr,
maternidade diabética é possível, mas exige de nós comprometimento,controle e
assiduidade.
Boa Sorte á tentantes, gestantes e diabéticas que querem mais bebês!!!!
Nenhum comentário:
Postar um comentário