Me
chamo Simony e tenho 28 anos, à época da gestação tinha 26, trabalho como
gerente de projetos de pesquisa na Universidade de São Paulo, sou formada em
Ciências Sociais e faço mestrado na Faculdade de Educação da USP. Tenho
diabetes desde os 12 anos de idade, no começo foi bem difícil, fui bem rebelde
e isso me rendeu duas complicações: retinopatia e nefropatia. Após um susto,
quase fiquei cega, comecei a me cuidar e controlar mais a glicemia.
Aceitar
a doença foi muito bom, isso ocorrei por volta de 2009, pois me senti mais
incentivada a lutar pelos meus sonhos, ao invés de apenas reclamar da doença.
Em 2011 me formei na graduação, em 2012 casei e logo depois engravidei. Quando descobri que estava grávida (um mês
depois da lua de mel, risos), foi um susto pois a minha glicada estava em 8,3 e
não foi uma gravidez planejada, fazia uso de NPH e Lispro e usava canetas, para
facilitar o transporte, já que minha vida era muito agitada e nunca parava em
casa.
Meus
pais e meu marido nunca pegaram leve comigo, levei muitas broncas e puxões de
orelha por causa do mau comportamento. Mas eles nunca acharam que eu não
pudesse fazer alguma coisa por causa da doença. Meu pai sempre me disse: “Não
se esconda atrás da doença, você é melhor do que ela”. E foi assim que passamos
pela gestação, acreditando que eu seria capaz de enfrentar tudo e que a doença
não venceria, pensar assim nos ajudou muito.
Após
confirmar a gravidez procurei meu Endócrino e decidimos procurar um gineco que
cuidasse de mães diabéticas, mas tive problemas em encontrar no convênio médico
alguém capacitado para fazer meu pré-natal. Como sou funcionária da USP o
Hospital Universitário me encaminhou para o HC, que tem um ambulatório
específico para mães diabéticas, meus médicos responsáveis foram o Dr. Rodrigo
Codarin e a Dra. Raphaela Alckmin. A melhor coisa que me aconteceu foi ser
tratada no HC da USP, foi muito cansativo, pois a equipe médica é muito
exigente, mas foi sensacional: os melhores profissionais e todos os exames
necessários, inclusive ultrassom 3D, as consultas eram semanais e o ajuste de
insulina constante, pois com a gravidez a nossa sensibilidade à insulina muda e
muito rápido, no começo da gravidez eu tive muitas Hipers e no final muitas
hipos.
Tive
problemas emocionais, pois fiquei muito amedrontada de acontecer alguma coisa
com meu bebê, o que me incentivou a seguir o tratamento à linha, não faltei em
uma consulta sequer, foram 28 consultas de pré-natal, fora exames e as
internações (duas no meio da gestação e a final, para ganhar o bebê, que durou
20 dias). Tive pré-eclâmpsia, o que dificultou mais a gestação e tive que me
afastar do trabalho, pois a pernas inchavam muito e a pressão subia e por causa
disso tive duas internações, para controlar a pressão, pois a minha glicada se
manteve entre 5 e 6 durante a gestação.
No
HC tive todo suporte de médicos, a quem sou eternamente grata, equipe de
enfermeiros e da Cecília, a psicóloga que me ajudou muito, muito, muito! Com
todo esse apoio, foi mais fácil levar a gestação. O bebê respondeu bem, cresceu
conforme o esperado, eu fazia 7 dextros por dia e comia exatamente o que a
Nutricionista me liberou para comer, foi uma maratona, mas o meu filho saiu
ileso!
Quando
descobrimos que era um menino, decidimos por chama-lo Bernardo, que significa
bravo como Urso, ou seja, forte! E ele foi muito forte, várias vezes eu acordava
de madrugada com ele me chutando, eu ia medir a glicemia estava 30, 24, 40...
Me emociono de lembrar que ele passava mal também, mas não teve nenhuma
sequela, ele sempre me acordou a tempo de corrigir a glicemia.
O
parto seria induzido no dia 8 de outubro, mas como eu fiquei muito nervosa no
dia anterior e ficava sozinha no hospital, pois estava internada e a visita era
apenas da 16 às 17 horas, comecei a ter contrações no dia 7 pela manhã, assim
fui encaminhada ao centro obstetrício, tentaram induzir o parto, mas após 8
horas de trabalho de parto, o bebê entrou em sofrimento fetal e resolveram pela
cesárea. Às 20:35 do dia 7 de outubro o Bernardo nasceu, lindo, saudável e
vencedor. O meu maior medo
era ele ter sequelas, mas ele não teve uma sequer, é um bebê saudável e
inteligente, nasceu de 37 semanas, com 46 cm e 2.980Kg.
Ficamos
10 dias internados após o nascimento, pois em tive uma infecção hospitalar, mas
tudo foi resolvido e ficamos bem. Ele mamou até os 5 meses, como eu tive
complicações renais, o endócrino sugeriu que não amamentasse além dos 6 meses,
para poder tomar os remédios e para exigir menos do meu corpo. A minha
recuperação foi tranquila, como fiz um controle rígido da alimentação, engordei
apenas 5 kg, que perdi 2 meses após o parto.
Hoje
levamos uma vida normal, faço meus controles como sempre, vou ao médico a cada
2 meses. Voltei ao trabalho quando o Bernardo fez 7 meses, e voltei a estudar
quando ele fez um ano. Não é fácil levar toda essa vida, pois além de ser mãe,
profissional, esposa, mulher, sou diabética e dar conta de tudo isso é muito
cansativo. Mas dou conta, risos... Meu marido me apoia muito e sempre levo essa
mensagem: “A doença não é maior do que eu, ela não vai me vencer!”
Para
as grávidas diabéticas, desejo força e ânimo para enfrentar o desafio. Adianto
que todo esforço é válido, quando vemos o rostinho e o chorinho dos pequenos
esquecemos de tudo, é só alegria! Para as mulheres diabéticas que ainda não
decidiram pela maternidade, não hesite diante das dificuldades, ser mãe
diabética não é fácil, mas quem disse que tudo que é bom é fácil? Não deixe o
diabetes tomar as decisões por você! Procure seu médico, se prepare e seja
feliz! Responsabilidade não significa abrir mão, se houver força de vontade e
dedicação é possível vencer os obstáculos, sejam muito felizes nas suas
decisões!
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