Sou Daniele, tenho 25 anos de idade e 23 anos de DM tipo
I. Não me lembro como é viver sem o DM,
afinal com 2 aninhos ao ter o diagnóstico nem teria como lembrar, mas minha mãe
me diz que foi muito doloroso para ela e meu pai. Antes da descoberta fiquei
extremamente magra, desanimada e após meses passando por um pediatra que quase
me matou, por não encontrar o diagnóstico, meus pais conheceram um novo médico
e esse sim, na primeira consulta já antecipou o que provavelmente estava
acontecendo. Após os exames corretos, foi confirmado, era diabética tipo I.
Minha mãe me conta que chorava junto comigo para as aplicações e medições
diárias. O que esteve ao alcance dos meus pais, para que eu tivesse uma vida,
quase, normal foi feito.
Cresci e quando passei a entender o assunto maternidade, já
“sabia” que não teria filhos e por que ¿ Pois tudo que lia a respeito era
sempre muito negativo e desencorajador.
Então cresci com a idéia de que não seria mãe. Tive uma adolescência de
muita rebeldia, tinha vergonha de dizer que era diabética, então na faculdade e
na frente dos amigos eu era extremamente normal, não dava nenhum sinal que
alguém pudesse suspeitar.
Em 2010, quando conheci meu marido, escondi dele por meses
que era diabética e ele só soube por que uma amiga de uma bola fora na frente
dele.
Depois que ele descobriue depois de conversar muito sobre
diabetes com outras diabéticas, resolvi “assumir” a mesma e não sentir vergonha
e somente assim consegui um excelente
controle, glicada caiu de 12.9 para 7.3. Sempre comi de tudo, nunca passei
vontade e fazia a correção com a ultra rápida.
Em agosto de 2014, não andava muito bem, com dores horríveis
no estomago, pensava ser gastrite ou algo do tipo, até que conversando com uma
amiga, também DM e mãe, me disse que ela sentia os mesmos sintomas que eu qndo
estava grávida e praticamente afirmou que eu também estava, e as palavras dela
fizeram com que eu ligasse na farmácia e
comprasse o teste, claro que foi só pra tirar a pulga atrás da orelha, afinal
tinha certeza de que não estava.
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Nosso Casamento (eu já grávida) |
Quando aquelas duas listra subiram, eu não sabia se ria,
chorava, surtava ou negava, e foi isso que fiz, procurei inúmeras desculpas
para aquele exame estar errado. Fiz o de sangue no dia seguinte e quando abri o
resultado lá estava o POSITIVO.
Minha gestação |
Chorei, chorei de alegria e chorei de medo. Não sabia o que
fazer, perdi o chão, ao mesmo tempo em que meu coração explodia de alegria, ele
se enchia de medo e dúvidas.
Resolvi tentar esconder um pouco para ganhar tempo e pensar
como dar a notícia, mas não teve jeito, no dia que descobri passei mal e contei
aos meus pais. E ai comecei a correr atrás para iniciar o pré natal o quanto
antes, em minha cidade não encontrei nenhum médico de alto risco, e por
indicação do meu endócrino iniciei com um de Indaiatuba. O primeiro ultra som
foi feito e quase morri de tanta felicidade quando ouvi aquele serzinho tão
pequeno com um coração batendo dentro de mim tão forte e a partir dali decidi
que faria o possível e impossível para que meu filho nascesse cheio de saúde.
Confesso que não senti firmeza no médico, era muito
tranquilo e para ele tudo estava bom, tudo estava certo e aquilo me incomodava,
me dava insegurança.
Mantive as insulinas que já tomava, lantus e humalog,
fazendo apenas correções nas dosagens, já que no inicio as hipos eram
persistentes.
Abri mão de tudo que gostava e antes comia sem culpa, passei
a me alimentar muito melhor, pensando sempre no bebê. No geral as glicemias não
foram ruins, claro que tinha hipers e hipos, mas sempre corrigidas rapidamente.
No quinto mês de gestação resolvi mudar de médico e fui até uma obstetra em
campinas, conhecida da família que aceitou pegar meu caso.
Foi um anjo que apareceu na minha vida, me passou confiança,
conversou muito comigo e a parti dali sai tranquila e na certeza de que havia
feito a melhor troca da minha vida. Tudo correu normal durante a gestação, eu
que me auto cobrava demais, perdi as contas de quantas vezes fui a maternidade
para ouvir o coraçãozinho para ver se estava tudo ok. Mantive também contato
diário com a Kath, que me ajudou demais com várias dicas e experiências
próprias. Fiz ao todo 11 ultras, alguns de acordo com o que a médica pedia
outros eu pagava para poder vê-lo mais de uma vez no mês e saber que estava tudo
bem. Fazia medições da glicose de 15 a
20 X ao dia, exagero ¿ Talvez sim, mas fazia pq assim me sentia segura e não me
arrependo.
No final da gestação as coisas complicam um pouco mais,
parece que até o ar que respiramos sobe a glicemia e ai o controle tem que ser
maior ainda. As doses de insulinas
precisaram ser bem maiores, precisei comer menos e partir para os alimentos
integrais e que nunca fui fã.
De comum acordo com a obstetra iniciei as injeções de
corticoide e as glicemias subiram mais ainda, e novamente aumento de insulina
para tentar reverter as hipers.
Com 35 semanas passei a madrugada em claro, com muita dor de
cabeça, mas como a diabetes e a pressão estavam em ordem não fui ao P.A, ao
amanhecer comecei com vômitos muito frequentes e consequentemente inicios de
hipoglicemia, precisei ser internada para poder ficar no soro, após o controle
do vomito e receber alta minha médica pediu que eu arrumasse minhas coisas e
fosse para Campinas, pois de lá ela iria me monitorar e caso necessário faria o
parto.
Momento do Nascimento |
E assim foi, no sábado internei, fiz todos os exames e com o
bebê estava tudo bem, mas nos meus exames de sangue já haviam começado a dar
pequenas alterações e segundo o ultra, o liquido amniótico estava começando a
aumentar e ela achou mais seguro fazer o parto no dia seguinte, afinal tudo
estava bem e o bebê com o pulmão preparado para nascer.
Miguel na maternidade |
Uma dica que eu dou as futuras mamães é para que levem seus
insumos a maternidade, pois lá eles não vão verificar o tempo todo como vc está
e também não possuem a insulina que a maioria toma e muitas vezes nem tem muito
conhecimento sobre a diabetes. Durante a madrugada tive hipoglicemia e por erro
da maternidade não puderam me dar soro glicosado, então precisei comer e o
parto ser adiado para o final do dia.
No dia 22 de março, com 35 semanas e 5 dias, as 16:44 com
3.220 kg e 46 cm, nasceu o Miguel, lindo, forte e saudável. Não consigo
descrever o tamanho da felicidade ao vê-lo ali comigo. Não deixaram meu marido
entrar no partopor ordem do anestesista e da pediatra, disseram que por ser um
parto prematuro não seria autorizada a entrada, a ansiedade era tanta que não
demos muita importância para esse detalhe.
Miguel foi para o berçário primeiro que eu ao quarto. 2 dias
após o parto recebemos alta e pude leva-lo para casa. Depois de tudo, de todos
os medos e inseguranças, sair da maternidade com ele nos braços foi uma
felicidade sem fim, era a resposta para cada esforço, cada oração que fiz
durante a gestação.
A cesárea foi supertranquila, não tenho nem do que reclamar,faria
novamente sem nem pensar. Ganhei 9kgs na gestação e perdi no primeiro mês,
graças a amamentação e a glicada 6.3 ( uuuuau, quem diria hein Daniele, disse
meu endócrino ao ver o resultado rsrs).
Mig e Eu |
Meu recado é que você jamais desista de algo que quer, não
deixe nunca ninguém dizer que não é possível uma DM ser mãe, se esse é seu
sonho, seu desejo, vá em frente. Busque médicos que te passem confiança e não
meça esforços para que tudo dê certo.
Fácil não é, mas com muito esforço,dedicação e amor é
possível sim!
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Nossa Família |
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