Meu nome é Daniele, tenho 31 anos e sou professora na rede municipal. Tenho diabetes desde
2007.Quando recebi a notícia fiquei desesperada, não conhecia nada sobre a doença. No inicio me
cuidei, fiz tudo certinho, depois fingi esquecer que tinha alguma coisa errada com meu corpo. Claro
que depois vieram as consequências,dentre elas, vários internamentos, perda de peso, os dentes
foram afetados, infecções crônicas e etc. No começo usava comprimidos para controlar, mas depois
parti para insulina nph e regular que uso até hoje, sempre com o uso da seringa.
Alguns anos depois,
através de um exame chamado eletroneuromiografia, descobri ter polineuropatia diabética, o que
me acarretava muitas dores e noites sem dormir. A partir do diagnóstico e com o medicamento
adequado (amytril), melhorei quase 100%.
Tenho dois filhos, um de 5 anos e um de dois meses e meio, Leonardo e Gabriel, nomes
escolhidos por acharmos bonitos.. A segunda gravidez foi sem sombra de dúvidas a mais
complicada. Mesmo sendo recomendada pelo meu médico de que era melhor evitar uma segunda
gravidez por ser de alto risco, bateu aquela vontade de sentir de novo as alegrias de se ter um bebê
em casa. Fiquei imaginando que iria ser diferente dessa vez, com mais experiência,
amadurecimento, então não preveni mais.
Em janeiro de 2015, estava na praia e comecei a enjoar,
logo pensei: Estou com complicações da diabetes, uma possível cetoacidose, como já havia
acontecido outras vezes. Fiz uma série de exames e nada havia de alterado, então claro, só podia ser
associado a uma gravidez. Fiz o exame e se confirmou. Desde aquele dia até o nascimento dele,
enjoei todos os dias, emagreci 5 kg, fui internada três vezes por complicações, como: desidratação,
descompensação diabética, etc. Só saia de casa para ir ao médico, fui afastada do trabalho e não me
aguentava em pé.
Meu marido me ajudou bastante em todo esse processo. Ia em todas as consultas e exames, fazia
com que me alimentasse e bebesse bastante água, nesse período fiquei na casa da minha sogra, já
que tinha que ficar em repouso.
A primeira complicação da gravidez foi achar um médico que quisesse fazer meu pré natal.
Todos me encaminhavam, por se tratar de uma gravidez de alto risco, até que lá pelo sexto médico,
encontrei aquele que iria me ajudar e me amparar em vários momentos.
Minha glicada no começo
estava até que boa. Mas ela foi aumentando durante a gestação e chegou à 8.4% no final. Tinha
consultas todas semana e exames também. Escutava do médico que o pior podia acontecer com o
bebê, que deveria estar preparada para um parto prematuro e com riscos, o que me deixava mais
angustiada. A noite rezava pedindo que nada acontecesse, pois não podia passar por tudo aquilo e no
final acontecer o pior. Então aceitei todo aquele sofrimento,porque sabia que iria valer a pena.
Fiz diversas ecografias e até o sétimo mês não havia alterações. Depois disso o liquido
amniótico ficou em excesso, por causa do diabetes e também havia restrição de crescimento do
bebê. Na primeira gravidez, meu filho nasceu com 4 kg e durante a gestação tinha excesso de peso,
com esse foi ao contrário.
Em uma ecografia o bebê não estava se mexendo como o esperado e foi constatado que os
órgãos dele começaram a poupar energia para que fosse mandado oxigênio suficiente para o
cérebro. Havia então chegado o dia. O médico foi chamado ao hospital e me avisou de que a
cesárea deveria se feita naquele momento. Gabriel nasceu de 35 semanas, com 2.700 e 45 cm, no
hospital Nossa Senhora das Graças, Curitiba -Paraná, onde realizei meu pré natal. Por incrível que
pareça.,ele foi direto para o quarto comigo e graças a Deus não teve hipoglicemia. Meu médico me
visitou no dia seguinte e me contou que se eu tivesse esperado mais 24 horas para realizar aquele
exame, não teria dado tempo.
Viemos para casa e desde então venho cuidando dele e agradecendo por ele estar aqui comigo.
Como nasceu prematuro, está tomando complemento, que ofereço depois de amamentá-lo no peito,
Eu consegui recuperar um pouco de peso, pelo menos uns 4 kg e estou tentando conciliar os
cuidados com ele, com a casa e o filho mais velho e ainda os cuidados com minhas taxas
glicêmicas. Não é uma rotina fácil e isso reflete na glicemia, ou tenho hipo porque tomei insulina e
não comi ou porque comi e não tomei a insulina, por vezes o cansaço é enorme e acabo falhando
nesses momentos.
Por fim, apesar dessa rotina que não é fácil e muitas mães vão entender isso, não posso
reclamar, pois o que desejei, eu conquistei que é estar com o Gabriel e ter dado um irmãozinho para
o Leonardo que agora terá companhia para sua bagunça e peraltices.
Ah! Fiz laqueadura no parto, creio que dois filhos para mim, está de bom tamanho, rsrrs!!
O que poderia dizer para as futuras mamães? Que tenham paciência e disciplina, todas as
restrições que vocês passarão serão recompensadas quando verem o resultado no final.
Que as
noites sem dormir, os enjoos, aquelas comidinhas que vocês deverão evitar não será nada em
relação ao que está por vir. Valem a pena. E não fiquem se martirizando pensando no que pode
acontecer, com alterações nos exames, com relatos de casos que não deram certo, cada caso é um
caso, não tornem tudo uma tragédia, porque escutei tanta coisa, tantas suposições e no fim a
verdade absoluta é o Gabriel esta aqui, forte e sadio,para completar nossa família.
Obrigada por dividir sua experiência com as futuras mamães diabéticas. E parabéns por ser uma mulher forte e de fé, seu filhos são lindos!
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