Tenho pais maravilhosos, que em momento algum se negaram em
estender as mãos nos momentos em que precisei, hoje vivo com a ajuda deles e
com a miséria da pensão que o pai da minha filha dá, mas essa é uma história
pra mais tarde.
Vamos lá fazer uma retrospectiva da minha vida para que conheçam minha história, com seus altos e baixos, mas nunca se entregando...
Aos
três anos de idade começaram minhas visitas ao hospital, mal sabia eu estavam
apenas começando, eu tinha algo chamado ''fenda palatina'' precisava operar o
céu da boca, pois havia uma fissura e eu podia ter sequelas e não falar operei
e meu desenvolvimento correu de forma satisfatória.
Dois
anos mais tarde, com pouco mais de cinco anos, próximo ao horário de ir para a
escola (estava na primeira série do primário), como de costume almoçávamos em
família diariamente, os cinco juntos (minha mãe, eu e meus três irmãos) e
depois seguíamos pra escola, ao terminar o meu
almoço fui levar o prato na pia, ao chegar lá, minhas pernas travaram, não
conseguia dar um passo sequer, a dor no abdômen era muito forte. Fui
levada as pressas ao posto de saúde por minha mãe, meus irmãos foram levados
pra escola por minha tia. Chegando à unidade a suspeita era de apendicite, fui
encaminhada as pressas ao hospital infantil Pequeno Príncipe (Curitiba) este me
atendeu rapidamente e ao ser levada a sala de ecografia veio o susto: EU TINHA
CÂNCER.
Algo
chamado de TERATOCARCIONOMA pelos médicos, no popular eu tinha câncer no ovário
direito.
Então
foi acionada a equipe de Hematologia, para conversar com minha mãe, eu não
estava entendendo nada, a cirurgia foi feita as pressas e retirado o ovário e
as trompas do lado direito, já não sentia mais dor, alguns dias depois
descobrimos por meio da biópsia que o tumor
retirado da minha barriga tinha o tamanho de uma laranja e era maligno.
Foi preciso um tratamento mais que rigoroso pra uma criança de cinco anos, a quimioterapia. Foi um período sofrido pra mim e pra toda minha família. A fase mais terrível (ou a que eu achava ser) estava apenas começando. Perdi os cabelos, cílios, sobrancelha, mas nunca perdi a alegria de ser criança.
Desde que recebi esse diagnóstico já ouvia que nunca seria mãe...
Após quatro anos que
havia retirado o ovário, as dores abdominais voltavam a me incomodar, nessa
época eu já tinha nove anos,feito os exames foi notado que o câncer habitava meu
corpo novamente.
O segundo tumor estava próximo ao meus rins, feito a
cirurgia, e com o resultado da biópsia negativo pra câncer maligno, todos já estávamos
mais tranquilos.
Com 13 anos, comecei a me sentir mal de novo... Muita sede, perda de peso repentina (13 kg em oito dias), não conseguia segurar a urina, não queria fazer outra coisa senão dormir... Foi então que no dia 02/06/2005 recebi outro diagnóstico, mais um pra coleção... Eu tinha DIABETES MELLITUS TIPO 1.
Não entrei em choque, pois até então não conhecia a doença, na minha cabeça tudo aquilo seria passageiro, eu passaria mais alguns dias ali internada, tomaria algum remédio e ficaria tudo bem.
EU ESTAVA MUITOOOOOOOOO ENGANADA.
Passei por um período de revolta muito grande, não aceitava
e não entendia por que dessa maldita doença escolheu a mim, em sete anos de
doença foram quatro comas profundos onde dormi por dias.
Aos 18 anos conheci aquele que eu achava ser o amor da
minha vida, mal sabia eu que o ''fulano'' só seria o pai da minha filha.
Ele
trabalhava numa loja de material de construção na frente do mercado que eu iria
trabalhar, pediu meu telefone para uma colega de trabalho e ela passou, então
trocamos SMS e marcamos de sair. Naquela mesma noite eu acabei sabendo que ele
era diabético ele se cuidava muito, tipo era o oposto de mim.
Por
sermos Dms1 então nunca pensamos em ter um filho, achamos que seria fora de
cogitação e não tocamos no assunto.
Aos 19 anos, cinco meses
de namoro, ele sofreu um grave acidente de moto onde teve complicações devido à
''bete'', como já morávamos juntos, era eu quem cuidava dele no hospital.
Descuidei muito da diabetes nesse período, com dois meses da data do acidente meu corpo pedia por socorro, minha hemoglobina glicada estava em 13%... Uma loucura!!! Achava que estava descompensada por alguma infecção.
No dia 25/09/2012 colhi um exame de sangue pra achar o foco
da infecção, e uma semana depois veio o resultado; EU ESTAVA GRAVIDA DE 14
semanas e três dias. Lágrimas rolaram pelo meu rosto, fazia minutos que havia
recebido meu tão esperado positivo, e eu já amava meu bebe mais que tudo no
mundo.
Por ter me descuidado durante o período do acidente minha
gestação precisou ser interrompida com 32 semanas (detalhe já fazia 26 dias que
eu estava internada pra segurar minha baby) Com 32+4 no dia 07/03/2013 chegou
ao mundo àquela que seria a dona do meu coração, com 2.715 kg e 48 cm.
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Momento feliz, alta da UTI, sonda como auxilio na alimentação,era um exercicio diario para esta mocinha aprender a sugar |
Depois de nascer Maria Luiza
precisou de UTI por 24 dias, foram algumas paradas cardíacas, sondas, muitas picadas,
algumas infecções, perda e ganho de peso que ela teve. Essa sim, era a parte
mais terrível da minha vida, eu achava que aquilo não ia acabar nunca.
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Na Enfermaria Mamãe Canguru para aprender a sugar |
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Agora eu podia te-la junto a mim e não mais toca-la por um vidro (incubadora) |
Não pude amamentá-la, pois quando ela saiu do hospital precisei operar o seio por uma mastite que tive, minha mãe cuidou dela e a alimentou com mamadeira, meu leite secou e graças a Deus ela estava bem nutrida.
Quando ela nasceu eu pesava 71 kgs, seis dias depois fui para 49 kgs e atualmente tenho 52 kgs.
Graças ao meu Deus o pesadelo havia acabado.
Atualmente,
infelizmente eu e o pai da minha filha não temos um bom relacionamento, ele não
se cuida mais, toma bebida alcoólica, quase não se alimenta, a vida dele é a
rua e os amigos. Nossa ''relação'' é bem estranha, parecemos dois desconhecidos,
ele me trata mal, pois não admite que a vida continuasse depois dele. Antes de
saber do meu namorado, ele me tratava super bem, fazia o estilo PAIZÃO, pagava
a pensão em dia, sempre vinha ver a filha, saia pra passear e etc... O modo
como ele me trata pouco me importa, mas desprezar minha pequena Malu me dói na
alma.
Todos nós temos nossos problemas não é? Este é um dos meus que com bravura e fé em Deus vou enfrentando e levando, a maternidade nos dá uma força indescritível! Tenho uma família incrível e um namorado fantástico!
Todos nós temos nossos problemas não é? Este é um dos meus que com bravura e fé em Deus vou enfrentando e levando, a maternidade nos dá uma força indescritível! Tenho uma família incrível e um namorado fantástico!
Em relação
ao câncer, estou curada. Esse ano minha ultima cirurgia pra retirada do tumor
completa 15 anos. Risco de ter a doença sempre existe, mas faço exames de
sangue 1 x ao ano, esse ano ainda não fiz, mas o ultimo resultado apresentou
uma leve anemia, o que pra minha condição de DM1 não é muito legal. Estou
tomando vitaminas e remédios, e tentando me alimentar melhor. Minha relação com
a “BETE” é um tanto complicada, o tratamento que recebo do meu médico (sistema
público) não é dos melhores, uso NPH e R como insulinas em meu tratamento.
A mais ou menos 6 meses precisei trocar e medico,
pois me mudei do bairro onde morava e aqui na minha cidade cada bairro tem seu
respectivo posto de saúde, o que dificultou muito no tratamento, começar do
zero com uma equipe que pouco entende de DM1 e a cada consulta (que demora
muito) faz uma “experiência diferente” é tenso! Enquanto isso vou cuidando da
melhor forma que vou podendo...
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Malu e Eu, amor pra toda a vida |
Maria Luiza
acompanha no neurologista, devido ao atraso na fala acompanha também no
pneumologista devido à asma Já ganhou alta da cardiologia, (passava, pois
nasceu com uma espécie de válvula frouxa, não sei ao certo o que era nunca
nenhum medico explicou), e já ganhou alta da otorrino, precisava retirar as amígdalas
e adenoide e a cirurgia foi dia 22.01. Agora está tudo bem, aos poucos está
aprendendo a falar já não usa mais fralda nem mamadeira, agora estamos
''negociando'' a chupeta. E assim a vida segue, Eu cuidando da minha florzinha,
ela crescendo cada vez mais linda e saudável.
Minha princesinha vai completar 3 aninhos em março e é a
maior alegria da minha vida.
Não ela não tem diabetes...
NÃO ela não tem sequelas...
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Maria Luzia, razão da minha vida |
Jenifer existe muitos caminhos tortuosos na vida , mais existe uma força em suas palavras que só te enriquece , A vida te apresentou a obstáculos e você soube desviar e receber com a amor a sua maior riqueza que é sua Maluzinha , que Deus te abençoe a cada dia mais pois você ja é vitoriosa , és abençoada .
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