Me chamo Kath Paloma, 29 anos, coordenadora pedagógica, sou de São Paulo – Capital,
pós- graduanda em Educação em Diabetes, usuária de bomba de insulina e DM1 há
quase 9 anos.
Casei-me aos 20 anos de idade cheia de expectativas, esbanjando saúde e pensando em diversas possibilidades para o TCC da pós- graduação, foi
quando meu presente de casamento veio num envelope branco: Glicemia em jejum
237mg/dl. Mas tarde no Pronto-Socorro o exame de sangue registrava mais de 800mg/dl.
Os sintomas já estavam aparecendo, mas eu jamais achei que seria diabetes.
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Eu assim que recebi o diagnostico, havia emagrecido muitooooo |
Novos desafios, sintomas, adaptações e a vida seguiu-se.
Sempre fui assistida por uma boa equipe médica, mas sabia que precisava ir além
do que me era passado, a vida era minha, portanto o interesse era meu. Passei a
frequentar palestras, buscar grupos nas redes sociais, ler muito (inclusive
bibliografias da área da saúde) e a questionar minha endocrinologista, as
consultas passaram a ser produtivas, porém nada da minha hemoglobina glicada
baixar e o sonho da maternidade começou a aparecer, tinhamos uma filha de criação, a Vitória, mas eu queria gestar, o tempo estava passando, já
estávamos com mais de 5 anos de casados.
Leituras e mais leituras, me deram embasamento para saber o
que me esperava quando eu ficasse grávida, até que por vacilo veio à primeira
gestação, que não foi programada, porém bem recebida. A hemoglobina glicada
estava muito acima do que se é recomendado para uma gestante (6,5%), mas eu
estava assídua no tratamento e certa que daria certo, até que com quase 4 meses de
gestação faltando dois dias para o Dia das mães, perdi o bebê e passei por um
processo de curetagem. Doeu, me reergui e passei a lutar de verdade pela maternidade
diabética.
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Minha primeira gestação |
O que é lutar de verdade pela maternidade diabética? É
planejar-se mesmo quando o bebê vem se “querer”, é ter uma rotina de
exercícios físicos, ingestão de líquidos, de controles de glicemias, de
percepção sobre a ação de determinados alimentos em seu organismo, estar com os
exames e consultas em dia, informar-se não só sobre sua doença, mas sobre o
que ela pode ocasionar e manter-se otimista sempre. Foi a partir do meu
interesse, da busca por informações, questionamentos com especialistas que me
muni de conteúdo e consegui estabelecer uma relação entre eu, o DM e o conteúdo
apreendido, tudo foi ficando mais fácil e entrando nos eixos. Nada caiu em
minhas mãos de forma fácil, corri atrás dos meus direitos, entendi meus deveres
e fui absorvendo e questionando o que me era passado.
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As fitinhas que fiz os dextros durante a gestação,mas de 3 mil, após o nascimento do Davi as vi, agradeci e descartei |
Cinco meses depois fiquei grávida novamente, novos desafios vieram,
era uma vida em mim, que necessitava do meu organismo para desenvolver-se e que
literalmente mexeu com todas as minhas estruturas, mas tê-lo em mim me fazia
muito bem.
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Dia do Meu Chá de bebe, eu estava tendo contraçòes fortes e tinha dilatação |
Iniciei a gestação usando insulinas Levemir e Humalog com
constantes oscilações glicêmicas próprias deste período, porém pelo histórico
de aborto e por outros problemas que fui desenvolvendo entramos com a bomba de
insulina e com o sensor que me foram grandes aliados principalmente nas hipoglicemias
assintomáticas. Tive uma gestação inteira de vômitos e enjoos, insônia, dores de cabeça, síndrome do túnel do carpo, meralgia parestésica,aumento do colesterol,constipação intestinal (minha equipe fez de tudo pra me ajudar neste sentido e nada, só supositorio) , tireoide (valor aumentado), liquido amniótico aumentado, hipertensão, inúmeros sangramentos, candidíase, dilatação e contração precoces, além do diagnóstico de um bebê cardiopata e macrossomico. Eram tantas coisas, tantos medicamentos... Haviam momentos que eu só queria parir logo para ter certeza que ambos viveríamos, mas logo estes pensamentos iam embora e a jornada continuava, meu psicologico precisava estar "estruturado"...
Houve uma internação e visitas semanais a endocrino (quarta feira), obstetra (segunda feira), a cada quinze dias nutricionista (quinta feira) e exames (sexta feira). Continuei trabalhando e adaptava os medicos aos meus possiveis horários, ia diminuindo o ritmo acelerado, mas não me isentei de nada. Engordei 8 quilos durante a gestação.
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Gestação do Davi |
Diante de tantas doenças eu me munia de cuidados assíduos,
fé e muita leitura sempre dizem:
-Educação em Diabetes
salva Vidas e de fato salva! Claro que
cada caso é um caso, mas Informação, interesse mudam uma história, eu mudei
duas histórias, a minha e a do meu filho, claro que nunca estive sozinha, tive
um esposo presente, amigos e uma equipe médica competente, mas tudo dependia
mais de mim do que deles.
Com trinta e quatro semanas meu guerreiro Davi resolveu
estourar sua bolsa, acordei de madrugada com este susto. Fomos para o Hospital ,
me mandaram para outro de alto risco, minha obstetra não poderia fazer o parto
sem prévio agendamento, foi um furdunço de madrugada, mas recebemos os cuidados
necessários enquanto aguardávamos um cardiopediatra para o parto, e dez horas
depois do rompimento da bolsa eu, marido e bomba de insulina, entrávamos para o
centro cirúrgico para conhecermos aquele rapazinho que revolucionou as nossas
vidas.
Este rapaz nasceu com 3.510 kgs e 48 cm. Foi para a UTI Neo
Natal onde passou 10 dias para ser assistido devido à hipoglicemia, síndrome da
angústia respiratória, hipoglicemia, icterícia e cardiopatia. Amamentei dois
anos e sete meses. Quando olho para trás, há exatamente 2 anos e 8 meses, vejo
que minha história pode REVOLUCIONAR vidas e mostrar que a maternidade
diabética é possível, mas não basta querer ser mãe, tem que se interar,se
envolver e principalmente se informar.
Coloquei o DIU Mirena e ainda não me sinto preparada para falar de um segundo filho, mas também não descarto a ideia.
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Nossa familia |
Eu acredito em gestação e maternidade diabética, e mais
ainda, eu acredito que diabéticas bem informadas geram filhos com mais
segurança e os educa para lidar com os constantes desafios da vida já que somos
um exemplo diário disso.
Aprendi muito nestas 34 semanas, muito mesmo, fiz tantas
coisas, me organizei de inúmeras maneiras que hoje servem de dicas para as
mulheres diabéticas. Meu blog tomou outro rumo, de um simples diário de uma
diabética tornou-se um BLOG FOCADO EM GESTAÇÃO E MATERNIDADE DIABÉTICA , senti
a necessidade de buscar uma formação acadêmica neste sentido e hoje faço uma
pós-graduação na área onde meu trabalho de Conclusão de Curso (TCC) aborda a
temática do meu blog. Não sou da área da saude, tão pouco quero substituir um profissional desta área, quero apenas ENCORAJAR e mostrar que com os devidos cuidados e orientação médica este sonho é possivel. Faço o que gostaria que tivessem feito por mim durante a gestaçào, só nao faço mais pois meu tempo não me permite.
É isso ai minha gente! Espero poder ajudá-las com as
informações aqui contidas e oro para que Deus as abençoe sempre, abraços.