Hoje resolvi contar minha história!
Meu nome é Juliana, tenho 30 anos, sou casada
há 5 anos e tenho Diabetes Tipo I desde os 24 anos de idade. Uso insulina NPH de caneta.
Descobri o diabetes em exames de rotina, a
glicemia em jejum deu 200 mg/dl e não tive os sintomas clássicos da doença. Iniciei o tratamento com medicamentos orais e
depois mudamos para a Insulina NPH. Não tive dificuldades em aceitar a
doença, passei a ter os cuidados necessários visando ter qualidade de vida e assim consegui ter e manter sempre uma
boa glicada. Talvez o que eu pudesse ter feito assiduamente eram as atividades
físicas, o que passei a fazer com mais frequência no período gestacional.
O sonho de nos tornarmos pais bateu em nossa porta, foi então que em 2014 resolvemos ficar ‘’grávidos”.
Não fui bem orientada pelo endócrino da época, o mesmo me desestimulou dizendo que era perigoso e que talvez não daria certo... Resolvemos tentar, afinal era comprometida com o tratamento, parei de tomar anticoncepcional e logo
engravidei.
No dia 12 de junho,dia
dos namorados e início da copa do mundo, o país estava em festa e lá fomos nós
para o primeiro ultrassom morfológico. Quanta felicidade! Estávamos radiantes.
Em êxtase perguntei ao médico durante o
exame:
- Doutor já dá para saber o sexo?
E com um tom de voz seco o médico respondeu:
- Calma Juliana eu ainda não terminei o exame!
Senti que algo estava errado. Quando ele
terminou me disse:
-Infelizmente seu bebê não está bem. Você não
tem "nada" de líquido aminiótico e eu nem consigo ver a bexiga do seu bebe. A
situação é grave.
Nosso mundo desabou, enquanto o pais
comemoravam a alegria de ter um filho em meio a euforia da copa do mundo, nós
não tínhamos nada a festejar. Ficamos sem chão. Fomos encaminhados para a
medicina fetal. Com a ajuda da família fui nos 2 médicos mais renomados da
medicina fetal de São Paulo e infelizmente a noticia era a mesma:
-Seu
bebe não vai sobreviver após o parto, pois os rins dele não funcionam. Meu ginecologista
dizia que era uma má formação devido ao diabetes, mas os médicos da medicina
fetal disseram que não, que foi uma fatalidade.
Vivi a minha gestação com uma sensação de
luto, mas mesmo assim conversei muito com meu pequeno, acariciei a barriga, tirei
fotos... O amei com uma intensidade sem fim.
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Gestação do João Lucas |
Com 32 semanas entrei em trabalho de parto.
Cheguei no hospital com 9 cm de dilatação e então nasceu meu lindo anjo João
Lucas de parto normal, no dia 09/10/2014, 1.520kgs e 41 cm.
Ele viveu por 12 horas, cumpriu sua missão e
foi brilhar sua estrelinha lá no céu. Sofremos, afinal, havíamos perdido um
filho, mas não desistimos de nos tornarmos pais.
Mudei de endócrino, controlei ainda mais o diabetes, melhorei na alimentação, passei a fazer atividade física, tomei acído fólico e depois de 8 meses
após o parto engravidei novamente.
Passei a me exercitar afim de me ajudar nos
controles glicêmicos, com 3 meses de gestação entrei na hidroginástica,
acompanhava o pré-natal de 15 em 15 dias e graças a Deus tudo foi se
desenvolvendo muito bem.
O último ultrassom acusou um
pequeno aumento no líquido aminiotico,para nos precavermos e evitarmos uma possível e significativa descompensação do diabetes, marcamos a cesárea.
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Gestação do Benjamin |
E assim, com as bênçãos de Deus, no dia com
38 semanas e 4 dias, no dia 09/03/2016, com 3.625 kg e 49 cm, sem nenhuma
intercorrência, nasceu Benjamin de parto cesárea e foi direto para o quarto com a
mamãe.
Tive uma ótima recuperação no pós-parto e o
amamento até hoje, ou seja, há com 1 ano e 7 meses. Senti muitas dores ao
amamentar por exatamente 1 mês, mas passou e hoje curto com prazer este
momento.
Não tive dificuldades de voltar ao meu peso
anterior. Ser mãe é uma delícia! Claro, os cuidados com o tratamento não são
tão precisos como antes, a gente volta a nossa atenção ao bebê, as nossas
responsabilidades com casa, esposo e afins, o
diabetes não ganha o mesmo holofote que antes, porém não estou sem me
cuidar, continuo me tratando pois sei mais do que nunca que necessito estar bem
para cuidar do meu filho.
Amigas DM1, nunca desistam do sonho de ser
mãe, mesmo quando tudo conspira contra!
Se informem, se esforcem, cuidem da dieta,
façam atividade física, procurem médicos que lhes passem segurança. Todo
esforço vale a pena!!!
Amo muito meus meninos!
João Lucas –
09/10/2014 – A estrelinha mais linda do céu
Benjamin – 09/03/2016 – A planta
mais linda da terra.
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Nossa família |
Olá Juliana!! Que bom ouvir histórias de superação como a sua!! Parabéns! Obrigada.
ResponderExcluirParabéns pela persistência, Juliana!
ResponderExcluirSou diabética T1 desde os 19 anos, hoje tenho 32. Ainda não tentei ser mãe por medo, mas sua história me inspirou. Mesmo com seu sofrimento, você foi corajosa, perseverante e não desistiu! Felicidade para sua família.