Meu nome é Mariana, sou bióloga e
descobri que tenho Diabetes Tipo II há quatro anos.
Antes do diagnóstico, já objetivava ter uma
vida mais saudável, acompanhada e orientada por equipe composta por
endocrinologista, nutricionista, psicóloga e educadora física, fiz exames e dei
início a esta mudança de vida.
Mesmo antes de iniciar a reeducação, sempre procurei
fazer exames e acompanhar os as glicemias por precaução, pois meu pai tem
Diabetes Tipo II, tinha passado por tempos difíceis, e eu não desejava passar
pelo mesmo.
Após alguns meses, perdi dez quilos e fiz uma
nova bateria de exames, foi quando o resultado da GLICEMIA EM JEJUM nos surpreendeu
estava 140 mg/DL. O baque foi inevitável. Muitos julgamentos e acusações de que
havia demorado muito para ter hábitos saudáveis, só me deixava mais triste. Não
aceitei o diagnóstico, me perguntava como seria enfrentar essa doença por toda vida,
estava com 29 anos, recém-casada e um sonho imenso em ser mãe.
Após absorver muitos julgamentos e lamentos,
comecei o tratamento com Glifage, mas o mal-estar era insuportável. Por vezes
não fui trabalhar. Todos agora me percebiam doente. Minha vida profissional
precisou sofrer mudanças, trabalho em campo, ficar sem suporte alimentar, já
não era possível. Precisei recusar projetos e abrir mão de grandes
aprendizados. Devido aos sintomas de hipoglicemia e mal-estar mudamos para o
Victoza, medicamento injetável que segundo a endocrinologista prometia reverter
o diabetes em um ano, caso eu continuasse associando os novos hábitos
saudáveis.
Mesmo diante da mudança do tratamento, as
glicemias só subiam. Cansada de tantas agulhadas diárias, passei a fazer uso do
Diamicron em jejum, aí sim, as glicemias melhoraram, a hemoglobina glicada foi
para 5,0%%. Grande avanço!
Foi então que por meio de exames, descobri que
tinha cistos no ovário, eles eram consequência da minha resistência à insulina.
Tratando isso, poderia engravidar com mais facilidade no futuro. Mas toda vez
que manifestava minha vontade de ser mãe, os médicos eram enfáticos em dizer
que ainda não era o momento e os argumentos me deixavam com muito medo.
Continuei usando anticoncepcional, a fim de
evitar uma possível gestação. Há um ano, comecei a ganhar peso sem motivos
aparentes, mesmo mantendo hábitos saudáveis. Nos exames descobrimos que se
tratava de alterações hormonais causadas pelo uso continuo de anticoncepcional.
Fui orientada a parar de tomar o medicamento, mas alertada a não engravidar.
Em maio de 2017, engravidei. Deus tem seus
meios e formas de trabalhar, nós às vezes não as entendemos. Ficamos
imensamente alegres, mas claro com medo, fui tão orientada a não engravidar...
Passei a injetar a insulina NPH três vezes ao
dia (jejum, almoço e jantar). Meu esposo sofreu com isso, dizia que eu não merecia
tanto sofrimento. Com 14 semanas de gestação, um pré-diagnóstico, meu bebê
estava maior do que o normal seria um bebê macrossômico devido ao grande aporte
de glicose. Se fosse confirmado, teria que interromper a gravidez muito cedo,
teria um parto prematuro. Chorei muito e as emoções só faziam minha glicose
subir. Para os que estão a nossa volta, julga ser consequência da nossa
“irresponsabilidade e falta de cuidado”, e isso só torna nossa vida mais
difícil. Mas decidi me dedicar ao tratamento, por ele, por mim... Por nossa
família!
Percebi que tudo é motivo para falarem, se
recuso ou aceito doces, sempre tem alguém para falar, cheguei a escutar que
estava privando meu bebê de saborear estas “delícias”.
Pensando nas adversidades diárias, vejo que a
dificuldade social em manter a alimentação saudável é a coisa mais difícil pra
mim psicologicamente. Afinal, banquetes celebram a felicidade, e não se
esbanjar, muitas vezes é visto como algo negativo. “Uma vezinha não vai fazer mal” ou “você é muito radical”, muitas vezes é
difícil ouvir estas coisas.
E as hipoglicemias hem?! Elas muitas vezes são
vistas como frescura. As pessoas não pensam no que falam e nem como isso pode
nos magoar. Falam por falar, por desconhecimento, ignorância... Enfim sem
pensar, e se a gente não se apegar com Deus, acreditar em nossa gestação e
termos um amor imenso ao nosso lado e ao bebê...É tenso conviver com tudo isso.
Acompanhando a gestação por meio das
ultrassons, vimos que o nosso Daniel estava dentro do tamanho e peso normal
para a idade gestacional. Resolvi me entregar a fé e deixar Deus conduzir a
gestação. Com a glicemia controlada, hoje estou no sétimo mês de gravidez,ano
que vem, terei meu filho nos braços, grata a Deus e orgulhosa de mim mesma, por
ter superado todos os obstáculos fisiológicos, emocionais e sociais que a
diabetes impôs.
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