Meu nome é Lorena, tenho 21 anos e
desde os 6 tenho Diabetes Tipo I. Durante a infância, me sentia diferente das
demais crianças, e por isso não respeitava meu tratamento, isso se arrastou até
o início da minha vida adulta. Devido a minha irresponsabilidade e rebeldia,
desenvolvi uma lesão renal (proteinúria). Foram vários anos de um péssimo
controle.
Comecei a estudar enfermagem, até que
no dia 28/12/18, após sete dias de atraso menstrual, decidi fazer um teste a
fim de tirar a dúvida se estava ou não grávida e por sinal estava, deu POSITIVO.
Foi desesperador! Não por estar
grávida, mas por que sabia da atual condição do meu tratamento, sabia dos
riscos que eu e o bebê corríamos. Na minha mente eu iria morrer e meu bebe
também. E a lesão renal? Meu Deus!
Mas... Já que estava grávida, e iria
fazer tudo o que estivesse ao meu alcance para que meu bebê viesse ao mundo com
muita saúde.
Encontrei um obstetra excelente (Dr. Luciano)
que foi meu Anjo da Guarda no momento de tanto desespero. Ele me explicou sobre
todos os riscos existentes pro bebê e pra mim, mas disse que me ajudaria no que
fosse preciso.
Ao longo dos meses, a gestação
evoluía bem, e a cada ultrassom era uma gratidão enorme a Deus por ver a
evolução da minha filhinha. Não vou dizer que foi fácil, tive muitas oscilações
glicêmicas, e em todas essas vezes, eu só pedia para que Deus preservasse a
vida da minha pequena.
Tomava há anos a fio um remédio para
proteção renal, engravidei tomando este medicamento, quando fui ao nefrologista,
na hora ele pediu para que eu parasse de tomá-lo, pois este tipo de medicamento
poderia ocasionar mal formação fetal e possível danos a mim. Deus e Maria
Santíssima preservaram a vida da minha filha e a minha vida também, fiquei todos os
meses gestacionais sem o remédio e com a perda de proteína altíssima. Foi um
milagre nada ruim não nos ter ocorrido.
Além do bom desenvolvimento da minha
bebê, consegui uma boa glicada, engravidei com 8.3% e terminei a gestação com 6%.
Graças a Deus e ao meu empenho! Comecei errado, tenho consciência disso, mas
fiz o certo, quis que desse certo e Deus nos ajudou.
Na reta final da gestação, passei a
ter muitas dores, eram dores indescritíveis, ao investigarmos, descobrimos que se
tratava de uma crise na vesícula e por isso, precisaríamos fazer uma cesariana “urgente”.
Foi então, que com 36 semanas + 4 dias, Antonella Maria veio ao mundo. Nasceu no
dia 02/08/2019, pesando 3.510kg e 46 cm. Nasceu LINDA, BELA, SAUDÁVEL E
ABENÇOADA, teve uma hipoglicemia de 36 mg/Dl, que foi logo tratada e tudo deu
certo.
A amamentei exclusivamente até os 5
meses. No primeiro mês de amamentação foram hipos atrás de hipos, chupei muitas
balas, media muito a fim de evitar quaisquer acidentes a mim, a bebê ou a nós
duas. Temia por ficar inconsciente e algo nos ocorrer. As hipos eram tão
constantes, a ponto de eu nem precisar tomar insulina ultrarrápida ao longo do dia,
e as glicemias ficarem estáveis ou cairem “do nada”. Após um mês, meu corpo
entendeu este processo de amamentação, passei a ter menos hipos, aprendi a ter
melhores estratégias para estas horas e hoje isso raramente ocorre. Começamos a
inserir frutas e legumes na alimentação da Antonella e estamos numa nova fase.
Tudo tem sido uma descoberta!
Tive uma ótima recuperação, voltei
logo ao meu peso e confesso que fico como uma equilibrista, me dividindo entre
os meus cuidados e os dela, mas tenho tentado, lembro do quanto ela precisa de
mim, e encontro forças de onde não tenho para prosseguir.
Aproveito a chance para agradecer
também aos Anjos que tive nesse percurso: Minha mãe, que esteve comigo durante todo o tempo, meu pai, minha querida amiga Kath, que entendia tudo o que se
passava comigo, pois viveu na pele essa situação, Ana Laura, que também é mãe e tem diabetes e em muito me entendeu, ao Reginaldo meu namorido e o pai maravilhoso da Antonella, e ao meu
obstetra Dr. Luciano. Abaixo de Deus e Nossa Senhora sem vocês nada disso seria possível.
Se hoje eu pudesse aconselhar
mulheres com diabetes eu diria: Eu e Antonella somos testemunhas vivas de um
grande milagre. Não é fácil! Dá medo, a gente se sente mega responsável, não só
por nós, mais também por mais uma vida, nos culpamos, nos cobramos ,choramos,
os hormônios sobem e descem... São sensações indescritíveis... Mas vale a pena
sentir cada uma delas! Ser mãe é a melhor coisa da vida! Antes eu achava que
isso era lenda, hoje sei o quanto isso é real. É uma dádiva! É uma benção! Deus
nos dá um filho para nos provar o quanto nos ama, o quanto confia em nós e que
possamos dar a devida credibilidade ao nosso tratamento. Ouçam seus médicos,
tenham amigos, se empenhem... Vai dar certo!